Entrevista com o Diretor de Fotografia Geann Toni

Geann Toni é diretor de fotografia com mais de 9 anos atuando no mercado Goiano e Nacional

Infância e Carreira

Meu Nome é Geann Francesco Toni, nome artistico Geann Toni, tenho 37 anos, nasci em Ivaiporã, PR. Já morei em Curitiba, PR, Alta Floresta, MT, São José dos Campos, SP, e Taubaté, SP, sendo o local onde mais permaneci, exceto Goiânia, onde resido há cerca de 20 anos. Tenho  Nove anos de carreira dentro da direção de fotografia e dezesseis anos no total dentro do audiovisual.

Inicialmente, eu trabalhava em estúdio musical, desempenhando as funções de musicista, técnico de captação e editor de áudio. Em paralelo, profissionalmente, era ator teatral. Foi em 2007, com a minha entrada no curso superior sequencial de Cinema Digital na Fasam, que pude dar um leve mergulho na cinematografia, o que considero a virada de chave e entrada no audiovisual. Nessa época, dentro da faculdade, pude me apaixonar pela fotografia em filme. Lembro da magia que era a aula de revelação de fotos: a sala com luz vermelha, os químicos, a imagem sendo revelada num papel “em branco”. Foi então o momento em que resolvi migrar do áudio para o vídeo, e, junto com as aulas de iluminação, decidi, mais especificamente, iniciar a preparação para a direção de fotografia.

Dentro do próprio estúdio em que eu trabalhava, pude iniciar essa jornada, onde comecei a cuidar dos vídeos e tive contato com vários profissionais experientes que proporcionaram muito aprendizado rápido e uma grande instiga, me motivando a continuar e me aprofundar cada vez mais. Pude ter muita vivência em várias áreas, pois nesse momento, por vários trabalhos, eu cuidei desde o atendimento ao cliente, briefing, roteiro, produção, direção de fotografia, edição, finalização até a entrega do material. Era realmente um faz-tudo e sou grato pelo rala que passei. Sempre com leveza, alegria e o foco bem demarcado: a direção de fotografia.

Em 2014, recebi o convite para dirigir a fotografia do meu primeiro trabalho de maior porte, onde pude ter realmente um set ideal, podendo contar com direção de arte, enfim, uma produção, ter minha equipe: chefe de maquinaria, chefe de elétrica, assistentes de câmera, caminhão de luz, enfim, tudo que poderia sonhar. Lembro de dizer antes desse trabalho para o Léo Rocha (atualmente importante assistente de câmera) que, caso desse certo, eu iria realmente entrar nesse mercado, mas caso não conseguisse, seria um ponto final para mim. E foi um marco, deu muito certo, e tenho muitos nomes para agradecer, seria injusto tentar citar todos, mas dois deles quero exaltar: Chico Macedo e Elinaldo Revis (Revinho), que foram meu suporte e, em parte, minha escola.

Como é importante ser acolhido dentro do processo geral… Todos os profissionais desse projeto foram a minha virada de página na carreira, um capítulo novo que venho cuidando até hoje com esmero e dedicação.

Dentro da lista de pessoas que me inspiram e que acredito ter uma ligação mais próxima do que busco visualmente, três que posso citar dentro da cinematografia são:

Adrian Teijido (pela consistência visual de trabalhos que admiro muito)

Kauê Zilli (pela “cinematografia nova”, que inspira renovação)

Carlos Ebert (que foi um dos meus professores)

Dificuldades

Em parte, uma das dificuldades que encontrei no início da minha carreira foi não conseguir uma abertura e aproximação com alguns profissionais com os quais eu gostaria muito de aprender. Outra dificuldade foi elevar o nível dos meus resultados não tendo estrutura de equipamentos disponível, e isso segurou bastante o meu aprendizado naquele momento.

Acredito que tudo o que passamos dentro de um propósito nos faz crescer e fortalecer, sendo grato aos perrengues! (não que eu os queira mais).

 processo criativo

Gosto de ter uma relação tranquila e construtiva com todos profissionais do set, respeitando e tentando ter um bom feeling na hora de expressar minhas opiniões e sugestões. Acredito ser sempre necessário estar disposto a compartilhar e trocar conhecimentos, construindo um ambiente colaborativo.

Busco muitas referências estéticas em filmes que admiro, seja através do próprio filme ou de sites que possuem coletâneas de frames. Além disso, tenho um bom arquivo pessoal que venho juntando ao longo do tempo, onde coloco tudo o que vejo, acho bonito ou marcante de alguma forma, permitindo-me revisitar a qualquer momento.

Gosto de deixar sempre uma margem, mesmo que pequena, para a criação in loco.

Pode parecer clichê, mas tenho sempre um carinho muito especial, especificamente, pelo projeto em que estou no momento. Atualmente, dirigi a fotografia de um videoclipe em Fernando de Noronha, PE, do cantor Murilo Huff, que foi bem desafiador e já está em fase de finalização.

Poderia citar vários projetos em que tive a oportunidade de dirigir a fotografia e que foram muito importantes para mim, mas citando três que guardo com carinho na memória, foram:

DVD 50 anos do Toquinho, além do marco desse artista que admiro, trabalhamos com projeção mapeada em sombrinhas brancas no cenário.

Programa de TV Car and Driver, captando na Itália e Brasil, onde gravamos em locais como a fábrica da Ducati, Pagani, Museu da Ferrari, no circuito de Ímola, entre outros locais do circuito automobilístico italiano. Dirigindo também a fotografia do estúdio em São Paulo, com a apresentação de Marcos Chiesa (Bola) e Rogério Vilela (um dos criadores do Mundo Canibal).

Filme musical Astigma, selecionado em importantes festivais nacionais e internacionais como: Cannes International Independent Film Festival – CIIFF, Muestra de Cine Mujeres en Esceba – Málaga, ES, Sans Souci Festival of Dance Cinema – Colorado, EUA, Digo, Cine Tornado Festival – SP, Festcine Pinhais – PR, entre outros.

Mercado Goiano e novos profissionais

Acredito que Goiânia seja um berço rico de talento e competência. Sou um grande admirador dos profissionais goianos e vejo um potencial imenso.

Falando mais diretamente, tenho visto que muitas pessoas da área, ultimamente, têm migrado para os grandes centros de produção, o que me causa um sentimento dual de felicidade e tristeza. Fico feliz por saber da evolução e da possibilidade de crescimento maior nesses lugares, mas triste por Goiânia talvez não ter o suficiente para que esses profissionais permaneçam.

Sinceramente, carrego comigo uma pontinha de esperança de que aqui se transforme em um centro audiovisual e cinematográfico com um ecossistema maior e mais sustentável, possibilitando a continuidade da formação de novos profissionais e respirando cada vez mais arte.

Eu diria a um profissional iniciante que busque estar perto de quem tem a mesma energia de crescimento. Esteja perto de quem te faz pensar.

Aproveite o caminho porque certamente não existe o fim. A nossa carreira é uma eterna construção, e tijolo a tijolo nos fortalecemos. Na direção de fotografia: Estude muito, mas nunca deixe de olhar ao redor. Não se pode captar algo que nem mesmo você vê.

Redes Sociais

Instagram: @geanntoni

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